Normalmente as memórias históricas deste ocidente pirenaico convergem, divergem ou centram-se quase sempre nas épocas proto - cristãs e seguintes.
É uma preferência cómoda e comodista que configura um grave injustiça para com os Povos que os precederam e também foram baluartes de Culturas e Civilizações notáveis.
Encurtando razões, aqui pelas nossas redondezas galaico - transmontanas campearam Povos mais caracterizados pela sua estrutura tribal do que por uma unidade nacional.
Os primevos foram os Oestrimnios.
Os Gregos, nas suas viagens à Península Itálica, resolveram dar o nome de Ítalos às diferentes Tribos com que negociavam. Quando chegaram às costas atlânticas, deram o nome de Iberos aos seus habitantes.
Aos habitantes do Noroeste Ibérico chamaram Kelkitoi ou Kallaikoi - Celtas..
Os Romanos, imitadores cuidadosos dos Gregos, chamaram á Ibéria Hispânia.
Prevendo que os Portugueses do século XXI iriam «ser os maiores» na lei do menor esforço, não estiveram para se cansar e latinizaram “ao calhas” os nomes dessas Tribos.
Todo este Noroeste Peninsular constituía a GALLAECIA.
Uns atribuem-lhe o nome argumentando que os Romanos, encontrando muitas semelhanças nos modos de vida e bravura destes povos com os da Gália, acharam por bem chamar à Região Gallaecia, que significava Pequena Gália; outros, consideram que, estes Povos se denominavam Callacci e fizeram a vida de conquista tão negra ao Romanos que estes, dentro da sua habitual forma de expressarem o reconhecimento pela bravura dos adversários deram o nome de Gallaecia à Região.
Nesses tempos pré-greco-romanos havia aqui entre nós, Alta-Tamegânia, as Tribos dos Limiagos, Tamaganos, Turodi, Callaicos, Ladovios, Luancos.
Mais afastados, os Bracaros, Interamici, Narbasos Seurbios e Grovios.
Ao longo do Vale do Tâmega, de Verin a Vila Verde (actuais) viviam os Tameganos; no coração da Veiga, os Turodi; e na veiga de Vidago, os Ladovios (que legaram o seu nome a Loivos).
Os Clãs principais destas Tribos ocupavam preferencialmente os pontos mais elevados do território.
Nas elevações, de onde melhor podiam vigiar quem se aproximasse e melhor se defender, os Cibarcos, os Lemavos, desde Lamadarcos a Monforte; e os Nemetenos e Seurbios , do Cambedo a Ardãos e Cervos; desde Vilarelho, Bustelo, Calvão, Castelões, Soutelo, Pastoria e Curalha, os VALDÂNTICOS.
As boas relações destas Tribos com outras mais litorais levaram à celebração de uma boda faustosa entre uma princesa da tribo dos Groivos e um príncipe Valdântico
Ao casal foi atribuído o território bem defendido pela linha de castros que ia desde Verin até Curalha, edificados em Vilarelho, Cambedo, Castelões, Seara Velha e Curalha, a anteceder os primeiros contrafortes do Larouco e uma pequena elevação estratégica a delimitar a Veiga do Rio Tamaco, e dominando um Vale fértil.
Em honra das origens da tão formosa princesa, deram ao coração desse Vale o nome de Groiva.
Na elevação ondulada que se ergue entre a Veiga e a Groiva, prosperou a nova Tribo Groivo-Tamacânica, intitulada a Tribo dos VALENTINOS ou VALÂNTICOS.
Estava consolidada pelos Clãs Abolenses, Pomáceos, Candulenses e Gran- hidrânios
Alguns historiadores atribuem-lhes o primeiro nome de VALENTINOS pela fama de conquistadores e sedutores que os Jovens e as Jovens dessa Tribo adquiriram ao prenderem pelo beicinho as Jovens e os Jovens das outras paragens, logo ao primeiro catrapiscar de olhos.
Lembram que a beleza quase divina, a riqueza mais que fabulosa, e a nobreza e altivez da princesa Groiva sucumbiram redondamente ao encanto do príncipe da Valdantália.
Outros, encontram mais adequado o segundo termo, VALÂNTICOS, em apreço pela valentia que os seus guerreiros - nesta Tribo, a guerra era feita por homens e mulheres - demonstravam na defesa do seu território ou nas expedições das suas conquistas.
Os traços históricos de identidade desses antepassados ainda hoje sobressaem no génio e no talhe fisionómico das nossas “Raparigas-Mulheres”, dos nossos Jovens e dos seus Avós!
E Nomes e Apelidos atestam a continuidade de «nobre linhagem»!
Por volta do ano 234, já romanizada a Península, por aqui comandou um jovem Cônsul romano.
Cheio de sede, foi a uma das fontes saciar-se. O seu olhar tropeçou no de uma moçoila candulense.
Derretido, plantou por aqui, em CALANDUM, o seu acampamento.
Chamado a Roma, por seu pai, o Imperador Treboniano, combateu os Godos na fronteira oriental, saindo vitorioso graças à valentia da sua Ala de Valdânticos. O Comandante desta foi nomeado Centurião Romano.
O Imperador assemelhou a resistência e a valentia dos VALDÂNTICOS a um muro.
Apelidaram-nos “MURILHOS”.
Eleito Imperador, projectava regressar à terra dos seus encantos.
A morte surpreendeu-o numa das campanhas no sul de Itália.
Saudosa do seu Cônsul, a Valdantália ergueu uma Coluna em sua honra, onde ficaram gravados o seu nome, o da sua apaixonada candulense e outras homenagens.
Talvez em alguma das pedras da Igreja de S. Domingos ainda persistam inscrições desse monumento.
E uma queixa soluçante se ouve ainda hoje por entre os pinhais e amieiros de Vale Salgueiro …
Romeiro de Alcácer