Não vou fazer grandes comentários sobre este cantinho. Apenas digo que era o meu cantinho das brincadeiras de criança dos meus primeiros namoricos e de muita nostalgia.
Também dá para as casas da tia Luíza, da Ana do Roque e do ti Barneque, além da entrada da cozinha da minha casa.
CONVERSAS COM ZEUS
-III-
OS FIGOS DA VALDANTÁLIA
Viajámos para a Tamegânia, e aportámos à capital da GROIVALÂNDIA.
Ancorámos no «Largo do Forno do Pobo», e uma afanada figueira, carregadinha de balhadoiços, estava mesmo a desafiar-nos com uma galha penduradinha para a estrada.
Gatinhámos pelo muro, e lá conseguimos chegar a um figuito dos quatro que nos pareciam estar mais à mão.
O pecado ao «não roubarás» (nós estávamos a rapinar!) bradou aos céus.
E Zeus veio ao seu varandim espreitar.
Topou-nos logo.
E ainda não tínhamos posto o pé no chão - estávamos a acabar o quarto figo e a desistir de todos os outros, por «estarem verdes» - e já Zeus nos tinha posto a mão no braço.
Com aquela franqueza já habitual entre nós, atirei-lhe, como que justificada desculpa:
- Tens a mania de dar FIGOS a quem os não quer comer!
E Zeus respondeu-me:
- Pelo toque de alarme de pecador da sineta logo vi que eras tu!
- Receei que desses um trambolhão, depois não podias «VIR AOS SANTOS», e aqui estou.
Para quem não sabe, Zeus também é malandreco. Como já o conheço de ginjeira, apanhei-lhe aquele trejeitozito de fiteiro quando diz uma verdadezinha para esconder outra.
Provoquei-o à maneira dos Valdantinos:
- Bem m’eu finto!
- Bem, bem! - começou Zeus. Na verdade, eu estava assim com uma impressão aqui na boca do estômago e nem sabia o que havia de meter à boca. A fartura que via à minha volta não me despertava o apetite.
Olha, ainda bem que pecaste. Abençoado sejas!!
É que ao chegar ao varandim e ver onde tu estavas logo dei conta que, afinal, o que me estava a apetecer era mesmo uns figuitos maduros, bonitos.
Esta figueira está carregadinha, mas os de comer estão muito altos e tu não lhes chegas.
Anda. Vamos a um sítio onde o guloso do TORGA se regalava, sempre que vinha às Freiras. Lá, mesmo do chão, é só apanhar e meter p’rá boca.
O local do crime é na GRANGINHA, no Quintal do (sr.) CRUZ, conheces?!
Com um carolo de pão centeio, vamos comer uma abada deles!
Zeus é «um tipo porreiro». É um deus endiabrado. Está sempre pronto para uma tainada ou para uma canelada.
Mal pus o pé no chão já estávamos no portão do nº 17, Rua da Amoreira ou Central(?), ao Largo da CAPELA DA GRANGINHA, na G R A N J I N H A.
Não vos digo, nem vos conto!
Mas ZEUS é cá um comilão de figos!....
Tupamaro
Estes amigos são a Rosa e o Lelo que já há muitos anos não via. Ajudei a casá-los e depois partiram para o estrangeiro. Primeiro o Lelo para a França, mas o destino levou-o até à terra do tio Sam, já com a companhia da Rosa.
Por lá têm vivido, onde angariaram um pé de meia que deu para fazer a sua casa à pequena aldeia transmontana que os viu nascer (Valdanta) e que é o seu orgulho, a sua vaidade e a sua paixão.
Fizeram questão de ma mostrar e eu fiz-lhes a vontade e agora chegou a sua vez de ter honras de internet.
Desejo que ambos tenham muita saúde e anos de vida para a gozar.
Há uns tempos atrás denunciámos, aqui, o estado lastimoso em que se encontrava a Fonte da Estrada, mas hoje viemos, aqui, mostrar que foi feito um trabalho de recuperação limpeza e colocação de grades de protecção.
Existimos para isto mesmo denunciar o que está mal e mostrar tudo quanto de bom for feito para bem de todos.
Não nos aventuramos a pensar que tenha sido por causa da nossa denúncia que as obras foram feitas, mas se assim foi, agradecemos por nos levarem a sério e por isso acharmos que vale a pena chamar a atenção dos responsáveis pelos destinos da nossa freguesia.
Não nos aventuramos a pensar que tenha sido por isso, porque se assim fosse, perguntamos: - Porque não consideraram os outros casos que por aqui vamos denunciando?
E pronto vamos dar terminada a nossa missão de divulgar as voltas de uma vindima.
Se calhar é pelo facto de dar tanto trabalho que o vinho é dos bens mais apreciados. Eu acho que juntamente com o pão são os bens de sobrevivência mais trabalhosos para o lavrador.
Vindimou-se, pisou-se, encubou-se, comeu-se, bebeu-se e brincou-se com alegria e amizade, por isso é tempo de espremer convenientemente o bagaço aproveitando tudo até à última gota e guardá-lo, esperando que a vez lhe toque no alambique, caseiro (como este) ou industrial como o das Eiras ou de Calvão para se destilar e presentear-nos com uma aguardente divinal daquelas que aquece o corpo e o espírito nos frios dias de inverno que se aproximam a passos largos.
Suponho que muita gente não fazia ideia do trabalho que dá o vinho, mesmo só falando do seu fabrico final, porque uma vinha é necessário podá-la, descavá-la, tratá-la com várias caldas para evitar as pragas e as doenças, cavá-la, redrá-la, desfolhá-la e visitá-la a miúdo com atenção e olhos de ver para que o produto final seja de boa qualidade.
Fico por aqui com a promessa de que voltarei com novos temas e novas conversas.
Até sempre.
Os pipos estão repousando à espera do vinho novo. Foram lavados, desintectados e, secando e escorrendo esperam o novo néctar.
E depois é isto, a fermentação e o apuramento para que se torne divinalmente delicioso.
Mas o trabalho ainda não acaba aqui e é necessário dar mais voltas para que outras delícias apareçam.
Amanhã vamos à aguardente. Até lá esperamos que o mosto "ferva" e se componha à espera das primeiras geadas.
Depois da vindima é necessário pisar as uvas e dar-lhe "trabalho" para que fermentem bem e fique um vinho apurado que só a mestria desta tradição é capaz de fazer.
Por aqui se vai pisando durante algumas horas, sempre em movimento até que no cimo do vinho só apareçam as graínhas das uvas.
É nesta altura que se sai do lagar e se deixa o mosto em repouso durante um dia para que fermente e que todo o cango venha ao de cima. Nesta altura será necessário dar uma nova pisadela ao mosto até que todo o cango vá ao fundo e no cima apareçam novamente apenas as graínhas das uvas.
Quando a "cortiça" (cango) voltar a levantar será hora de encubar.
No entanto após todo este trabalho, a rapaziada tem direito a um lauto jantar, onde aparecem as melhores iguarias da casa.
Durante todos os trabalhos referentes à vindima reina a alegria e a boa disposição porque ainda há vinho velho para animar a malta.
Bom apetite para todos e amanhã traremos aqui uns pipos que esperam pelo vinho mosto.
São horas de começar a vindimar. encontrámos dois ranchos de vindimadores.
Estes andavam mesmo às portas da cidade lá para as Lamarelhas.
E este grupo também não andava longe. Vieram do Cando e da Granjinha e fui encontrá-los na Veiga da Granja.
Espero provar do néctar proveniente destas uvas e para isso ficam desde já avisados o Nel e o João Cruz.
Amanhã vamos ver como se pisam as uvas.
Hoje, pensei mostrar uma vindima de Valdanta porque é Outono, o tempo está bom, as uvas estão maduras e é necessário recolher a matéria prima para elaborar o famoso néctar de Baco com que as pessoas se vão deliciar durante o ano e lhes vai dar alma, alegria e força para fazer frente às agruras da vida.
Pensei dedicar apenas um Post às vindimas mas vou ter que fazer mais alguns porque o material é muito e tudo numa só página seria muito pesado.
As vindimas - Preparativos:
As pessoas, amigas e convidadas, chegam cedo, mas não se pode começar muito cedo porque há orvalho e á necessário deixar secar as videiras.
Então é necessário aquecê-los e entretê-los até que a vinha esteja em condições de se poder trabalhar.
Uma "bucha" e um copo para animar enquanto os potes que estão ao lume vão tratando de cozer as iguarias para o repasto final.
E agora vamos à vinha que se faz tarde. Pela amostra não se passará sede duarante o ano.
Antes foi necessário limpar tudo o que vai receber as uvas e o néctar, lagar, vazilhas, dornas e tudo o que possa por em causa a sua qualidade.
Hoje fico por aqui e amanhã vamos vindimar.
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