Imagens, Comentários e Estórias de Valdanta (Chaves) e das suas gentes.
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Sábado, 27 de Outubro de 2007
"Quo Vadis" Valdanta? Fonte da Estrada
É este o estado lastimável em que se encontra a fonte da Estrada. Dói ver aqilo que é de todos tão mal tratado. Esta fonte serviu para abastecer de água potável as pessoas residentes ao longo da estrada e matar a sede aos passantes vindos das aldeias vizinhas, Soutelo, Noval, Pastoria, Seara Velha, Calvão, Castelões..., quando por ali passavam em direção à cidade, já que, obrigaóriamente, faziam este trajecto.
Além do mau estado, imundúcie e abandono a que está dotada torna-se perigosa já que não tem protecção nenhuma para prevenir qualquer descuido de pessoas, crianças e até animais que por ali passem.
Noutros tempos teve umas guardas em pedra com, mais ou menos, 40cm de altura e a fonte ficava afastada da estrada. Essas guardas desapareceram e e o asfalto avançou até ela.
Quem de direito veja isto e tome as devidas precauções. "Quem te avisa teu amigo é".
Quarta-feira, 24 de Outubro de 2007
50.000 Visitas
Por uma questão de arrumação e para que as pessoas vão saboreando aquilo que lhes mostramos, não gosto de fazer e, por isso não costumo publicar Post’s seguidos, e hoje mais do que nunca gostava que as pessoas saboreassem o belíssimo texto com que o “Romeiro de Alcácer” nos brindou. Hoje vou ter que o fazer, de uma forma excepcional, esperando que seja compreendido por todos, pois o Blog de Valdanta atingiu as 50.000 visitas.
Quando em Agosto do ano passado, mais propriamente no dia de S. Domingos (04/08/2006) me propus a este evento, e, mais tarde, em 01/11/2006 coloquei no Blog, um contador de visitas nunca pensei que, antes de passar um ano, tivesse este número excepcional de visitantes. Ainda mesmo há poucos dias quando olhava para o contador pensava, incrédulo, que seria uma prenda maravilhosa se no dia 1/11 tivesse atingido esta cifra. Foi hoje, dia 24/10/2007 por volta das 10.30 horas da manhã que quando abri o Blog, o contador marcava 50.002.
Por isso apresento-vos este Post com uma fotografia tirada pela Ana Isa no (inesquecível) dia 07/07/07 em Valdanta e aproveito para saudar todos quantos nos visitam com um grande abraço valdantense e um bem hajam pela dedicação.
Zé Pereira
Terça-feira, 23 de Outubro de 2007
Raízes
Normalmente as memórias históricas deste ocidente pirenaico convergem, divergem ou centram-se quase sempre nas épocas proto - cristãs e seguintes.
É uma preferência cómoda e comodista que configura um grave injustiça para com os Povos que os precederam e também foram baluartes de Culturas e Civilizações notáveis.
Encurtando razões, aqui pelas nossas redondezas galaico - transmontanas campearam Povos mais caracterizados pela sua estrutura tribal do que por uma unidade nacional.
Os primevos foram os Oestrimnios.
Os Gregos, nas suas viagens à Península Itálica, resolveram dar o nome de Ítalos às diferentes Tribos com que negociavam. Quando chegaram às costas atlânticas, deram o nome de Iberos aos seus habitantes.
Aos habitantes do Noroeste Ibérico chamaram Kelkitoi ou Kallaikoi - Celtas..
Os Romanos, imitadores cuidadosos dos Gregos, chamaram á Ibéria Hispânia.
Prevendo que os Portugueses do século XXI iriam «ser os maiores» na lei do menor esforço, não estiveram para se cansar e latinizaram “ao calhas” os nomes dessas Tribos.
Todo este Noroeste Peninsular constituía a GALLAECIA.
Uns atribuem-lhe o nome argumentando que os Romanos, encontrando muitas semelhanças nos modos de vida e bravura destes povos com os da Gália, acharam por bem chamar à Região Gallaecia, que significava Pequena Gália; outros, consideram que, estes Povos se denominavam Callacci e fizeram a vida de conquista tão negra ao Romanos que estes, dentro da sua habitual forma de expressarem o reconhecimento pela bravura dos adversários deram o nome de Gallaecia à Região.
Nesses tempos pré-greco-romanos havia aqui entre nós, Alta-Tamegânia, as Tribos dos Limiagos, Tamaganos, Turodi, Callaicos, Ladovios, Luancos.
Mais afastados, os Bracaros, Interamici, Narbasos Seurbios e Grovios.
Ao longo do Vale do Tâmega, de Verin a Vila Verde (actuais) viviam os Tameganos; no coração da Veiga, os Turodi; e na veiga de Vidago, os Ladovios (que legaram o seu nome a Loivos).
Os Clãs principais destas Tribos ocupavam preferencialmente os pontos mais elevados do território.
Nas elevações, de onde melhor podiam vigiar quem se aproximasse e melhor se defender, os Cibarcos, os Lemavos, desde Lamadarcos a Monforte; e os Nemetenos e Seurbios , do Cambedo a Ardãos e Cervos; desde Vilarelho, Bustelo, Calvão, Castelões, Soutelo, Pastoria e Curalha, os VALDÂNTICOS.
As boas relações destas Tribos com outras mais litorais levaram à celebração de uma boda faustosa entre uma princesa da tribo dos Groivos e um príncipe Valdântico
Ao casal foi atribuído o território bem defendido pela linha de castros que ia desde Verin até Curalha, edificados em Vilarelho, Cambedo, Castelões, Seara Velha e Curalha, a anteceder os primeiros contrafortes do Larouco e uma pequena elevação estratégica a delimitar a Veiga do Rio Tamaco, e dominando um Vale fértil.
Em honra das origens da tão formosa princesa, deram ao coração desse Vale o nome de Groiva.
Na elevação ondulada que se ergue entre a Veiga e a Groiva, prosperou a nova Tribo Groivo-Tamacânica, intitulada a Tribo dos VALENTINOS ou VALÂNTICOS.
Estava consolidada pelos Clãs Abolenses, Pomáceos, Candulenses e Gran- hidrânios
Alguns historiadores atribuem-lhes o primeiro nome de VALENTINOS pela fama de conquistadores e sedutores que os Jovens e as Jovens dessa Tribo adquiriram ao prenderem pelo beicinho as Jovens e os Jovens das outras paragens, logo ao primeiro catrapiscar de olhos.
Lembram que a beleza quase divina, a riqueza mais que fabulosa, e a nobreza e altivez da princesa Groiva sucumbiram redondamente ao encanto do príncipe da Valdantália.
Outros, encontram mais adequado o segundo termo, VALÂNTICOS, em apreço pela valentia que os seus guerreiros - nesta Tribo, a guerra era feita por homens e mulheres - demonstravam na defesa do seu território ou nas expedições das suas conquistas.
Os traços históricos de identidade desses antepassados ainda hoje sobressaem no génio e no talhe fisionómico das nossas “Raparigas-Mulheres”, dos nossos Jovens e dos seus Avós!
E Nomes e Apelidos atestam a continuidade de «nobre linhagem»!
Por volta do ano 234, já romanizada a Península, por aqui comandou um jovem Cônsul romano.
Cheio de sede, foi a uma das fontes saciar-se. O seu olhar tropeçou no de uma moçoila candulense.
Derretido, plantou por aqui, em CALANDUM, o seu acampamento.
Chamado a Roma, por seu pai, o Imperador Treboniano, combateu os Godos na fronteira oriental, saindo vitorioso graças à valentia da sua Ala de Valdânticos. O Comandante desta foi nomeado Centurião Romano.
O Imperador assemelhou a resistência e a valentia dos VALDÂNTICOS a um muro.
Apelidaram-nos “MURILHOS”.
Eleito Imperador, projectava regressar à terra dos seus encantos.
A morte surpreendeu-o numa das campanhas no sul de Itália.
Saudosa do seu Cônsul, a Valdantália ergueu uma Coluna em sua honra, onde ficaram gravados o seu nome, o da sua apaixonada candulense e outras homenagens.
Talvez em alguma das pedras da Igreja de S. Domingos ainda persistam inscrições desse monumento.
E uma queixa soluçante se ouve ainda hoje por entre os pinhais e amieiros de Vale Salgueiro …
Romeiro de Alcácer
Quarta-feira, 17 de Outubro de 2007
Um Padre Artesão
Ainda antes de vir para Valdanta o padre Joaquim esteve por cá a exercer o sacerdócio um padre, suponho que de Barroso, chamado João. Acho até que foi ele que me baptizou, mas se não foi também não faz mal.
O padre João usava como transporte um cavalo, como a maioria dos padres dessa época.
Vivia nesta casa, propriedade da paróquia e que ainda hoje se chama “casa do Padre” e esta rua também tem o nome semelhante, “rua do Padre”.
Aqui ao lado vivia um lavrador que deixava sempre o seu carro de bois “estacionado” neste pátio.
Um dia, logo nos primeiros tempos da sua estadia por Valdanta, estava o senhor cura a consertar a sela do seu cavalo, sentado no pinalho do carro, sem as vestimentas próprias de um padre, quando chega por ali um homem, acho que da Abobeleira, que lhe pergunta pelo senhor padre João.
O padre olha para o homem, dá duas fungadelas, coça a cabeça, franze o sobrolho e diz:
- O senhor sobe aqui pela rua do padre acima, vira à direita, sobe a avenida e vai pela estrada abaixo, vai pela rua da Carreira e logo a seguir a um largo encontrará um homem sentado no pinalho dum carro de bois a consertar uma sela…, é ele.
O homem atendeu as instruções recebidas e seguiu caminho, deu a volta à aldeia e chegou ao mesmo sítio onde estava o padre sentado no pinalho do carro com a sela na mão, e muito admirado diz para o padre:
- Já corri Valdanta a toda a roda e o único homem que encontrei sentado no pinalho de um carro a consertar uma sela é o senhor.
- Pois então se não encontrou mais ninguém sou eu. Diga lá então, o que trouxe por cá?
O homem ficou sem palavras e demorou a refazer-se do espanto. Passado algum tempo, meio envergonhado, meio desconfiado e muito chateado lá contou ao cura o que tinha levado ali.
Segunda-feira, 15 de Outubro de 2007
Contradições
Para aqueles que dizem que o Beto é um "betinho" da cidade e que não sabe o que é a vida rural aqui vai uma contradição, pois é só vê-lo em plena actividade agrícola aqui para os lados de Valdanta. "As iludências aparudem"
Quarta-feira, 10 de Outubro de 2007
80º Aniversário - Parabéns
Para o ti Domingos "Pitolho" os meus parabéns por mais este aniversário e um grande abraço com os votos de que este dia se repita por muitos e felizes anos na companhia de todas as pessoas de quem gosta.
Quinta-feira, 4 de Outubro de 2007
Cando (Visto pelo Luís da Granjinha)
Abobeleira, Valdanta e Granjinha têm sido lembradas com certa regularidade neste “CANAL NETEVISIVO”.
Uma ALDEIA das mais tradicionais, encantadoras e históricas tem andado um pouco arredada das inspirações, recordações e saudades do que resta dos verdadeiros valdolménicos.
Claro que, ao lerem isto, as vossas (e a nossa) consciências entraram em convulsão; e os vossos (e o nosso) corações «saltaram aos pulos».
Todos sabemos das nossas raízes valdolménicas pré-históricas - Há mais de 6.ooo anos que os nossos antepassados por aqui labutavam.
Por esses tempos, numa clareira rodeada de bosques e férteis campos de cultivo, instalou-se um Clã da Tribo dos Caladuni, tendo aí erigido um monumento ao seu deus dos Bosques (esses Povos eram politeístas, como bem se lembram), CANDAMO.
O CLÃ chamava-se CALANDUMNA.
E CALANDUMNUM passou a chamar-se o povoado.
Mais tarde, os Romanos dominaram a Península e, também, por estas paragens se fixaram.
Mais sensatos do que os conquistadores modernos, manifestaram sempre respeito, quer pela Cultura, quer pela Coragem dos Povos que venceram. E adoptaram ou combinaram a sua Civilização e Cultura com esses Povos.
Assim, CALANDUMNUM, passou a chamar-se, pelos romanos, Calandum, e CANDO nos nossos tempos.
No lugar do templo em honra do deus dos Bosques, os chegados e chamados cristãos aproveitaram para transformar o templo a CANDAMO em ermida em honra de Stª. Maria.
Em 1678, o povo Candulense deita abaixo o que restava da ermida e, por sua conta e risco, erguem uma Capela em honra de N.S. da Assumpção da LAPA.
O apoio logístico de um morgado candulense, Sebastião Alves; e a orientação técnico-táctica engenhoca de outro candulense, Manuel Gonçalves Lizes, Alferes de Cavalaria, em Chaves, fizeram com que as obras da Capela, iniciadas em Janeiro desse ano ficassem «rápido e depressa» concluídas, de tal modo que, em 21 de Novembro se realizou a brilhante cerimónia do BENZER do Templo e a 1ª. Festa em honra da Padroeira … e de proveito e alegria do Povo.
Consta que, para a época, até algumas Freguesias circunvizinhas mostraram uns palmitos de inveja por não terem uma Igreja Matriz tão grandalhota e tão bonita.
Agora, se não estou em erro, até já mal se lembra do ano da última festividade.
Este ano talvez tivesse calhado no Dia de Portugal. Seria?
Se continuar a valer a data da «segunda oitava a seguir ao Espírito Santo».
Pois bem, o CANDO foi, É e será um povoado, uma Aldeia e um Povo histórico.
Os vestígios pré-romanos, romanos, mouriscos ainda por lá se vêem e, com investigação competente, poder-se-ão encontrar.
Por lá, por aqui e por ali, e no nosso coração ainda permanecem, desse Povo do CANDO, amigos, heróis e heroínas merecedores justos das nossas lembranças, das nossas loas e das nossas Saudades.
E, como o texto já vai longo, convido e desafio CANDULENSES, Valdantinos, Visitantes; amigos, inimigos, adversários do Cando (ou do autor); historiadores, investigadores e curiosos, a contribuírem com novos capítulos para este proémio.
UM CANDULENSE De Todo o CORAÇÃO