Imagens, Comentários e Estórias de Valdanta (Chaves) e das suas gentes.
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Quinta-feira, 19 de Julho de 2007
AVISO AVESSO
No tempo plácido dos anos 40, aquela Aldeia, hoje esquecida e mal - amada pelos “abrileiros - coronéis” citadinos, era frequentemente visitada com admiração, enlevo e apreço pelas gentes, simples ou distintas, da Cidade.
Passar a Fonte Nova, subir o Alto da Forca, atravessar o Pedrete e chegar às Carvalhas era meio caminho andado para se encontrar o céu.
Aí se entrava num paradisíaco rincão da Natureza que os deuses Celtas, Godos, Romanos abençoaram, e Jeová e Alá ungiram.
As quintas e os quintais eram jardins de encanto todo o ano.
Carvalhas, olmos, negrilhos, pinheiros, castanheiros e choupos rodeavam-na em canteiros de floresta.
Giestas brancas e amarelas, codessos, estevas floridas, carquejas e chamiças, multicoloriam os montes, as ladeiras e as «abertas».
Pelos muros espreguiçavam-se as heras, as silvas e algumas roseiras. Por de trás, espreitavam o alecrim, os lírios e o rosmaninho.
Os Gaios, os Papa-figos, os tentilhões, os pinta-roxos, os chincharavelhos, os rouxinóis e os melros enchiam os céus de trinados e voavam à compita com os “Netos da Granjinha” a ver quem mais figos, cerejas ou amoras comia.
E até aquela abeboreira do fundo do Campo era tomada de assalto.
As bobelas anunciavam as malhadas. E os cucos contavam-nos, cantando, os anos de solteiros.
O centeio era segado com uma seitoura e os segadores arrimavam-se ao trabalho com a passagem do garrafão de mão em mão. Mas, ao chegarem ao meio do Povo, ai que bem lhes sabia um púcaro de água da “Pipa”.!
E até aquele trovador enamorado, do Cando, cantava com mais alma e harmonia:
Adeus, ó Laurinda!
Ó Laurinda, adeus, adeus!
Adeus, ó Laurinda!
Os teus olhos já são meus!
Eram lindos e doces os nomes de todas as Mulheres e Raparigas da GRANJINHA!
Procurai! E vereis como achais!
A GRANJINHA!
Esse cantinho do Jardim do Éden! Pedra preciosa dos tesouros Tameganos, hoje vilipendiada, ultrajada, decepada!
Miguel Torga, sempre que viesse a Chaves, ia abraçá-la!
A Capela é a sua madrepérola!
Porém, hoje, vós que me leis, não vos atrevais a ir lá!
E se lá quiserdes orar a Nerthus ou a Atena: a Tutatis, Esus e Taranis; a Mercúrio ou a Marte; a Deus ou a Alá, precavei-vos!
Levai capacete!
As telhas da Capela estão a prometer cair-vos no toutiço.
Não ajoelheis!
E se trovejar, nem a santa Bárbara rezeis!
Vesti «rápido e depressa» o colete salva-vidas porque basta só a enxurrada que se atira pela “Surreira” abaixo para vos afogar!
Pela maldade, pela incompetência, mais crassa do que a desavergonhada ignorância, e pelo calculismo eleiçoeiro de uns “doutores, engenheiros e coronéis Mundinhos”, hoje A GRANJINHA só tem o céu aberto para o esgoto!
Que não vades lá!
Porque a foice, o podão, o estadulho, a soga, a forquilha, o martelo e a gadanha saltarão para as vossas mãos e, ladeira abaixo, …… “Tertium non datur”!
A GRANJINHA, finalmente, ficará no Mapa das Civilizações e na Memória de Gerações!
Luís da GRANJINHA
Sábado, 14 de Julho de 2007
Mais uma do ti Malanga
Um dia, pela hora da sesta, estava o ti Malanga a beber água na bica da fonte de Trás-das-Eiras, aquela fonte que existia onde hoje se encontra o campo polidesportivo. Estava todo escarrapachado por cima do cano e com a mão em concha a aparar a água para beber. Era verão, estava um calor de rachar e era a hora da catequese para o garotos que iriam fazer a 1.ª comunhão na festa do Sagrado Coração de Jesus a realizar no 1.º domingo de Setembro. As cigarras cantavam recolhidas nos olmos seculares e causadores de uma boa e saborosa sombra.
O senhor padre Joaquim saiu da sua casa e protegido por um guarda-sol preto encaminhava-se para a igreja onde iria acompanhar o andamento dos ensinamentos e aprendizagem da catequese. Homem de bom humor, dado a chalaças e sempre com uma picardia pronta para qualquer paroquiano, admirado porque o ti Malanga estava a beber água, coisa rara, diga-se em abono da verdade, ou, talvez, porque estaria algum santo a cair do altar abaixo, o simpático cura vira-se para o ocasional bebedor de água e diz:
- Ó senhor António não beba água que lhe faz mal.
- Faz mal? Atão porquê? Pergunta o ti Malanga de sofisma.
- Faz-lhe criar rãs na barriga. Diz o padre.
- Oh! Num faz mal …
- Não faz mal? Então porquê?
- Tamém cantam…
- Também cantam?...
- É!... cantam com'ós padres… “réu…réu… réu…” tanto percebo uns com'ós outros…
Terça-feira, 10 de Julho de 2007
É disto que o meu povo gosta
Eu gosto de Valdanta por isto. Há uma reuniãozinha e não é preciso mandar vir o tocador, ele aparece e quantos mais melhor, como é o caso. Isto só para falar em tocador, porque cantadores e cantadeiras, bailadores e bailadeiras são às mãos cheias. Pois, como diria o meu antigo camarada de armas já falecido, Jorge Perestrelo "É disto que o meu povo gosta".
Já se falou muito, aqui no Blog, na formação de uma Associação Cultural da freguesia de Valdanta, pois aqui está a primeira etapa reunimo-nos e começamos a fazer uns serões para fazer recolha de músicas e cantares tradicionais e irão ver tudo seguirá em frente, porque matéria prima temos e com fartura o que é preciso é aproveitá-la.
Revivamos os cantares da cegada, da malhada, da vindima, de vai-de-roda, do malhão, etc... e vão ver que tudo será muito mais alegre e divertido.
Relembremos a serrada da velha, o mao-moço, o giroflé e veremos que as nossas preocupações serão aliviadas.
Vamos em frente, começamos a fazer alguma coisa por nós e a almejada Associação Cultural aparecerá.
Segunda-feira, 9 de Julho de 2007
O meu obrigado a Valdanta
Às vezes Valdanta faz-me lembrar a Top Model do Beto, é sempre bonita de qualquer ângulo, em qualquer perspectiva e em qualquer altura, nem que o fotografo não seja grande coisa, o que não é o caso, porque o autor da foto não fui eu mas a minha filha.
Peço imensa desculpa a todos por, depois dos "Mimos" que me proporcionaram, ainda não vos ter já apresentado alguma coisa do meu trabalho, é que não me restabeleci e ainda não estou a 100%, As coisas aparecerão a seu tempo.
Quero, mais uma vez expressar aqui perante todos o meu sincero agradecimento pelos momentos de carinho e amizade que toda a gente me dedicou e prometo-vos que vou tentar fazer mais e melhor, porque de facto quem assim acarinha e recebe tem todo o direito de exigir e, prometo-vos, que vou fazer tudo por tudo para honrar a vossa exigência.
Bem Hajam e recebam, todos sem excepção, residentes e ausentes, um grande abraço.
Terça-feira, 3 de Julho de 2007
É preciso respeitar quem nos visita
É verdade, temos que ter algum respeito e um mínimo de decência pelas coisas públicas e pensar que outras pessoas nos visitam e que merecem todo o respeito, carinho e consideração.
Estas duas pessoas visitam-nos com muita frequência e não será com o palavreado apresentado nos comentários por alguns visitantes deste Blog, que transmitimos o sentimento de carinho que nos merecem.
Acho que não vale a pena falar mais no assunto, quero apenas dizer aos "inteligentes" dos comentários que não permitirei mais nenhuma brincadeira do género e que se quizerem comentar terão que o fazer com respeito e dignidade.