Imagens, Comentários e Estórias de Valdanta (Chaves) e das suas gentes.
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Quinta-feira, 29 de Março de 2007
Um carolinho de Folar (Tupamaro)
Estava eu sentado numa estratégica fraga, na encosta da serra de S. Mamede,
espraiando o meu olhar pela Estremadura espanhola, quando, sorrateiramente,
uma Fada-madrinha de mim se abeirou e, melodicamente, me sussurrou:
-"Tupamaro, noutros tempos, noutros tempos, lá para cima, para
Trás-os-Montes, num povoado pequenino e tão lindo, no Domingo de Ramos, os
NETINHOS dessa aldeia faziam um raminho com um galho de carvalhoto,
entrançado com heras, adornado com alecrim, loureiro e folhas de oliveira.
Nele penduravam uma bolacha partida em quatro, cinco rebuçados e seis ou
sete fitinhas.
Juntavam-se no Largo da Capela, completavam o grupo no Largo do Carvalho.
Subiam ao Alto, atravessavam a Lama, bordejavam o Cando e iam à missa a
Valdanta.
O padre, rezava a missa com palavras que ninguém entendia, mas ao "pater
noster", ao "oremus", aos toques de uma campainha, toda a gente sabia o que
ele queria dizer para se fazer. Benzia os ramos de todos os meninos e
meninas de Abobeleira, Valdanta, Cando e Granjinha e, no final, uma suave
alegria se espalhava pelo céu e pelas terras.
Para esses NETINHOS, era um Domingo muito especial. Levava-se o ramo às
madrinhas. E aos que já não tinham madrinha, ou a tinham longe, apareciam
sempre umas convincentes palavras que lhes davam a ilusão de terem as
madrinhas mesmo ali ao lado.
A solidariedade feita ternura e bondade dos vizinhos, dos amigos, dos
familiares e das avós dizia às almas e aos corações dessas crianças que
nesse Domingo só lá tinha licença para entrar a alegria e o consolo de
festinhas, beijinhos e miminhos de toda a gente, e de se consolarem com
aqueles pedacinhos de guloseima.
Os corações dos meninos e das meninas ficam alegres por algum tempo; as
barrigotas ficavam fartas por quase um ano"".
Ouvi, extasiado, as melodiosas palavras da Fada-Madrinha.
Ia para lhe falar, mas ela tocou-me com a varinha nos lábios e continuou:
-"Tupamaro, há lá, na Granjinha, uns NETINHOS que já têm outros Netinhos.
Vais fazer chegar a estes Netinhos, filhos daqueles NETINHOS, estes
docinhos.
Provam os docinhos, dão um xi - coração aos paizinhos e aos avòzinhos, e
oferecem-lhes um docinho. Depois, dão as mãos e dizem em voz alta (mas sem
fazer muito barulho):
-"" Fada-Madrinha, o Tupamaro é um menino bem mandado como nós. Sai à raça
dos NETOS da Granjinha. As Avós e os Avôs da Freguesia de VALDANTA são os
melhores do Mundo!""
Um rouxinol voou perto de mim. Trazia no bico uma folha daquele olmo que
outrora dava sombra à fonte da «pipa». Soltou a folha, que me veio cair no
colo. Tinha escrito: -" Na Páscoa, os NETOS, Netinhos e Avòzinhos da
Granjinha vão comer um «carolinho» de FOLAR à saúde do Tupamaro".
As águas do rio Caia saltaram as margens!
Tupamaro
Quarta-feira, 28 de Março de 2007
Ele aí está "O Peludo"
Ora aqui está o meu amigo Fernando. O homem das mil e uma estórias, cantoneiro de profissão e o único praça do meu ano que não saiu de Valdanta. Andámos juntos na escola, e fomos criados nas ruas e largo do Povo sem preocupações nem grandes distrações.
Nesses tempos, os meus pais tinham uma cabra que adquiriram para ajudar a amamentar as minhas irmãs gêmeas. Eu, normalmente, é que ia com ela para o monte. A cabra era forte como uma vitela e custava a segurar, até costumávamos andar a cavalo nela.
Um dia estava eu com ela junto ao poço de cima do Povo e apareceu o Peludo que me perguntou:
- Queres que bá contigo?
E eu que o que queria era companheiro para a brincadeira disse que sim e perguntei-lhe se queria comer da minha merenda.
- Quero. Respondeu ele.
- Então seguras aqui na cabra enquanto vou a casa por pão e cebola.
O Peludo faz uma laçada com a corda de segurar a cabra e amarra-a à cinta. A cabra quando me vê ir embora vai atrás de mim e lá vai o Peludo atrás da cabra preso meio pelo pescoço e meio pela cintura. Tive que correr para trás para salvá-lo senão a cabra não parava.
Esta foi uma das primeiras grandes estórias do Peludo, mas há muitas para contar que virão a seu tempo, mas quero contar a última conversa que tive com ele.
Naquele geito e forma de falar arrastado e meio pelo nariz diz-me quando cheguei ao pé dele:
- Queres saber Zé? São uns filhos da ... mãe . Bou prá guarda! Atão? Atão o quê? Mataram-me o cabalo todo!... enbenenado... Já viste? Um home num pode ser bô. Mas eu se os apanho!... Atão mataram-me o cabalo todo!... enbenenado... Um cabalo que me custou oitocentos contos im Meixide. Mataram-me o cabalo todo... enbenenado. Agora bou prá guarda qui os meto todos na cadeia. Já biste? Tu num biste nada. Atão mataram-me o cabalo todo... enbenenado. Custou-me quinhentos contos na feira dos Santos e mataram-mo todo... enbenenado.
-Então compraste-o nos Santos ou em Meixide? Perguntei eu.
- Mataram-me o cabalo todo... enbenenado....
- Pronto, deixa lá tu ganhas bem e podes comprar outro. Disse eu para o acalmar. Então e tu já jantaste?
- Comi dois bifes deste tamanho. E punha a mão direita em cutelo no pulso da mão esquerda com esta entendida, para mostrar o tamanho do bife.
- Então hoje já não tens fome. Também estás bem tratado. Disse eu.
- Ó home bem comer. Só sabes dar à língua. Diz a mulher, saindo de casa, aos gritos.
- Já bou. estou a falar aqui com um praça do meu ano e mais a mais num tenho fome.
- Pronto Fernando, vai lá jantar que eu também tenho que ir embora.
- Mataram-me o cabalo todo... enbenenado. Disse ainda a caminho da casa muito triste e desconsolado.
Sábado, 24 de Março de 2007
Aventuras do Sex Machine em terras do tio Sam
Estes amigos de Valdanta estão a convidar o Sex Machine para beber um copo com eles nesta adega ou noutra que esteja à disposição em Valdanta, no Cando, na Granjinha ou na Abobeleira.
Faz já alguns anos que o nosso amigo Sex emigrou para Niu Bedford e quando chegou à terra do Bill Gates teve a ideia de mandar umas fotografias para a terrinha, principalmente para as pessoas mais queridas que eram a avó e a namorada.
O dinheiro era muito pouco ou nenhum pois ainda não tinha descoberto as arcas perdidas por Cristóvão Colombo e resolveu tirar uma única fotografia, mas todo nú, ou "dincouro", cortá-la ao meio e mandar a parte de cima para a avó e a parte de baixo para a namorada, porque também tinha a noção daquilo que cada uma mais gostava.
Com a atrapalhação e a falta de geito nesta coisa das cartas do correio trocou as partes da fotografia e mandou a parte de cima para a namorada e a parte de baixo para a avó.
Ficou tão contente a avozinha que vocês nem imaginam. Olhou para a fotografia e mostrando a toda a gente, diz muito feliz:
- É mesmo o meu netinho!... Está tão parecido c'o meu home, o abô dele!... Com o nariz comprido e o cabelo nos olhos!... Ai é mesmo ele, o meu netinho.
Quarta-feira, 21 de Março de 2007
Hino a Valdanta
Valdanta, 22 de Março de 1964
Domingo de Ramos
No ano de 1962, foi nomeado Pároco de Valdanta o padre Serafim em substituição do padre Joaquim, que passou a ter exclusivamente a paróquia de Soutelo.
O padre Serafim é natural de Vila Marim no concelho de Vila Real, proveniente de uma família humilde. Chega a Valdanta, na força da sua juventude e acabado de ser ordenado, por isso com muitos sonhos e ambições. Era sacristão da paróquia um rapaz dos seus 14 anos dado a certos devaneios artísticos, mas passado pouco tempo passou a pasta a outro mais novo, porque considerava que aquilo de ser sacristão era coisa de garotos ou de velhos e ele já não era garoto e muito menos velho.
Como era de gente humilde, mas trabalhadeira, o padre Serafim não olhava a meios para aumentar o seu escasso pecúlio familiar. Era um regalo vê-lo a carregar sacos de centeio, ou a receber o vinho quando andava a fazer a cobrança da côngrua.
Num dia de Inverno e durante a homilia da missa dominical disse que precisava de lenha para o lume por isso se houvesse uma alma generosa que lha pudesse arranjar, ele agradecia muito. Estava no coro a assistir à missa, conforme a sua devoção, o Roulo do Cando e ao apelo respondeu: - Vai por ela a Valdardães.
Quando chegou, não tinha qualquer meio de transporte e começou por comprar uma bicicleta usada, mas também não sabia andar nela. Com muita paciência e algumas partidas o sacristãozeco lá lhe ensinou a montar e andar na bicicleta. Ser de família humilde era uma coisa, mas agora que era padre e até estava numa paróquia com gente generosa, tinha que ambicionar outro meio de transporte, mas estava ciente das suas limitações por isso começou a pensar numa motorizada.
O dinheiro não chegava e na altura ainda não havia compras a crédito por isso havia que fazer alguma coisa para conseguir a referida motorizada. Falou com as catequistas que eram a Júlia e a Otília, estas convidaram as jovens desse tempo e uns rapazes para fazer um teatro com a finalidade de angariar alguns fundos para a desejada mota do padre Serafim.
Estas falaram comigo para dar uma ajuda já que eu já fazia parte do elenco dos saraus de arte da antiga Escola Comercial e Industrial de Chaves com algum mérito. Organizámos o programa, fizemos os ensaios e preparámos o sarau para apresentar às gentes de Valdanta.
Diziam os entendidos que até fizemos uma coisa digna de ser vista por gente importante e como nas representações que fizemos em Valdanta não se angariou o dinheiro suficiente, também fizemos uma representação no auditório dos Bombeiros de baixo em Chaves e assim conseguimos a verba necessária para a tão almejada motorizada.
Faz precisamente hoje 43 anos (22/3/1964) que, numa tarde de um Domingo de Ramos apresentámos em Valdanta, pela 1.ª vez este sarau de arte composto por uma peça de teatro em 2 actos (não me recordo do título) e algumas variedades com cantos, danças folclóricas e pequenas rábulas. Foi para este sarau que se compôs o hino de Valdanta que a seguir apresento sem mais comentários ou divagações, mas com a lembrança da felicidade que senti nesse dia.
Imaginem a felicidade que um jovem sente quando acaba de ser adulto pela primeira vez!... Foi isso que eu senti. Recordem comigo a felicidade daqueles momentos cantando este:
HINO A VALDANTA
Refrão
Uma saudade, quem a não tem?
Da terra amada de tão carinhosa mãe.
Saudade sim, tristeza não,
Porque a tristeza não faz bem ao coração.
I
Valdanta, ó terra querida
Recorda o teu passado,
Tens as histórias mais belas
Que a velha história te há dado.
Em noites de lua cheia,
Cantas canções de embalar.
E serão belos meus sonhos,
Todos risonhos, para me afagar.
Refrão
Uma saudade, quem a não tem?
Da terra amada de tão carinhosa mãe.
Saudade sim, tristeza não,
Porque a tristeza não faz bem ao coração.
II
Capela de Santa Bárbara
Lá no alto da aldeia
É de lá que se aprecia
A beleza que te rodeia.
Velhos castelos sorriem
Lá em Outeiro Machado,
Lembram a linda história,
Cheia de glória, teu nobre passado.
Refrão
Uma saudade, quem a não tem?
Da terra amada de tão carinhosa mãe.
Saudade sim, tristeza não,
Porque a tristeza não faz bem ao coração.
Letra: Padre Serafim e J. Pereira
Música: Padre Ângelo Minhava
Sem fazer muitos comentários sobre este acontecimento cultural, de que muito me orgulho, quero, neste dia de aniversário, homenagear algumas pessoas que fizeram parte deste evento e que estarão para sempre ligadas aos usos e costumes desta terra que nos viu nascer e que com saber, amor e muita dedicação sempre elevarão. São eles:
- Otília Santos
- Júlia Evangelista dos Santos
- Luís Alves Carneiro
- Rita Evangelista dos Santos
- Jorge Dias dos Santos
- André Chaves Romão
- Chaves Dias
- Ester Chaves Dias
- Celeste Pereira
- Leonor Dias dos Santos
- Maria da Conceição Pereira (Laida)
Ao escrever este nome varreram-se-me todos os outros que tinha para escrever e homenagear, por isso peço imensa desculpa pelas falhas que daí vêm e que me completem com tudo quanto falha neste momento, passados 43 anos.
Estou velho!...
Há uma pessoa, a principal culpada por este devaneio, que foi a primeira peça deste puzzle e que recordo com muito carinho para quem envio todo o meu respeito, consideração e apreço um grande abraço.
Duas pessoas mencionadas e que tiveram uma parte muito activa neste sarau, já não se encontram entre nós, a Rita e a Laida. Não posso fazer este post sem lhes pedir, onde quer que estejam, que velem por nós pois continuamos a amá-las tal como eram. Para elas muitos beijinhos.
Deixo aqui três fotografias de cinco pessoas, tiradas por essa altura. Não é difícil descobrí-los a todos, mas é só para ver como éramos nesse tempo.
Segunda-feira, 19 de Março de 2007
Dia do Pai
Hoje dia do Pai, dedico este post a todos os pais, ao meu pai em especial e ao pai da nora do meu pai, porque faz anos que nos deixou.
Lembro nesta fotografia onde estão alguns pais, um deles é o meu, o trabalho árduo do campo e de uma forma significativa a "acarreja" do pão, onde só os homens de barba rija tinham cabidela.
Nesta cena está representada a parte final do trabalho, com a meda completa e todos os participantes a posar para a posteridade. Suponho que esta fotografia foi tirada no início dos anos 50 na acarreja do ti Alfaiate que se apresenta aqui como o patriarca da família Pereira dos Santos, por isso a minha escolha.
Eu recordo-me de todos e suponho que 3 deles ainda nos vão fazendo companhia. Para o meu pai que está ali de pé na parte mais alta da meda, onde quer que esteja, a minha saudade e gratidão.
Fotografia cedida por Lai Cruz
Quinta-feira, 15 de Março de 2007
O Malanga (Pensamentos Solenes)
Quando olho para esta casa lembro-me sempre do seu antigo proprietário, o ti António Malanga, que por acaso até era meu avô. Era um homem de várias facetas e tinha ditos muito acertados e que faziam pensar. Tinha um pensamento muito elevado. Andou na primeira Grande Guerra e tomou parte na batalha de La Lys.
Na minha meninice, suponho que não havia ninguém que não gostasse de o ouvir. Íamos com ele para o monte e estávamos horas a fio sem pestanejar para ouvir as histórias da guerra e os seus pensamentos. Um dia vira-se para nós e diz com um ar muito solene e sério:
- A pior coisa que me podia acontecer era um dia chegar a casa e encontrar a minha mulher viúva!...
Estávamos dois ou três garotos a ouvi-lo e ficámos muito pensativos e comovidos a pensar se de facto lhe acontecesse isso como é que ia viver.
Segunda-feira, 12 de Março de 2007
Arte de Bem Receber
Apareceu por Valdanta na década de 40 uma senhora chamada Senhorinha, casada em segundas núpcias com padeiro do qual não recordo o nome, mas viviam e trabalhavam na estrada onde tinham a padaria no que mais tarde foi um armazém agrícola do sr. Agostinho e onde nós fazíamos os teatros. (Na fotografia ainda se vê o local onde funcionava a padaria, é a seguir às alminhas quando se vira para o Cando).
O nome de Senhorinha deve ter a ver com a lenda da ponte de Mizarela, pois ela era natural dessa região de Barroso. Tinham uma criada chamada Maria que os ajudava em todas as lides, tanto domésticas como da padaria.
Noutros tempos a principal via de acesso a Chaves para todos quantos vinham de Barroso era a estrada de Valdanta e como a sr.ª Senhorinha tinha muitos amigos da sua terra todos paravam na padaria para a cumprimentarem ou até mesmo para passar uns dias quando os afazeres em Chaves eram mais demorados ou por altura da feira dos Santos.
Foi precisamente numa ocasião destas que recebeu em sua casa uns parentes que além de aproveitarem para beber um copito de vinho também tinham necessidade de por a conversa em dia, já que era necessário saber e dar notícias da família.
Depois da ceia e de um bocado de conversa, o serão estava para durar, já que com a ajudo do vinho a língua fica mais solta e a conversa mais fluente, mas a senhora Senhorinha não se podia dar ao luxo desses serões porque era imperioso levantar cedo a fim de cozer o pão para os primeiros passantes que chegavam quase sempre ainda de noite.
Vinham em grandes grupos, quase sempre compostos por pessoas da mesma aldeia. Traziam os seus burros carregados com carvão, urze, carqueja e outros produtos da terra para vender em Chaves e faziam uma zurriada tremenda, a que nós chamávamos os comboios e, normalmente, o primeiro comboio a passar era o de Seara Velha, depois os de Calvão e Castelões, Meixide, Serraquinhos e outros.
Como a dona da casa tinha que se retirar para descansar um pouco e refazer forças para o trabalho da padaria e, os parentes não mostrassem vontade de se deitar e dar por terminado o serão já que estavam perto do que os trouxera ali, a senhora Senhorinha despediu-se deles, pediu imensa desculpa por ter que se retirar, que ficassem à vontade, bebessem o que lhes apetecesse, mas o dever chamava-a e foi então que se virei para eles e lhes disse:
- Bancês se percisarem de alguma cousa, peidam-no!...
Virando-se para a criada.
- E tu Maria, alebanto o cú e dá-lho.
E foi-se deitar sem mais conversa.
Sábado, 10 de Março de 2007
Cando
O Cando é, sem qualquer dúvida, uma das aldeias mais bonitas e acolhedoras que conheço. As suas gentes destacam-se pelo fino trato, personalidade e inteligência invulgares, além do elevado cariz hospitaleiro. São gente amiga, trabalhadora, alegre e de elevado espírito de solidariedade. Da gente do Cando, pode-se dizer com toda certeza e convicção, que é gente nobre e boa.
Tem vestígios de um passado histórico com grande importância e destaque, principalmente nos tempos do domínio Romano, pois por ali terão passado as principais vias de comunicação que ligavam Bracara Augusta a Asturicam. Possui, como documentos históricos, pedras com insculturas rupestres e um lagar com lagareta escavados na rocha. Sobre este assunto, apenas deixo aqui aquilo que encontrei escrito pelos historiadores e entendidos na matéria, porque eu, não sou, de todo, um especialista no assunto.
Vou-vos falar das principais famílias que a habitam. Consta-se que uma das primeiras famílias a instalar-se no Cando foi a família Pereira por parte do pai do senhor José Pereira (velho), sendo este filho a dar continuidade e povoamento à aldeia. Casou com uma mulher proveniente de Soutelo chamada Martinha que servia em casa de seus pais e tiveram 11 filhos dando assim continuidade ao povoamento do Cando. Desses 11 filhos, quase todos casaram no Cando, e por isso é que aqui quase toda a gente é Pereira.
Chegaram, entretanto, outras famílias, como os Carneiro, os Cruz, os Romão, os Aveleda e os Azevedo que deram crescimento e importância à povoação. Todas estas famílias se foram misturando umas com as outras sem grande afastamento das origens, casando uns com os outros. Não foram muitos os casamentos realizados com pessoas das aldeias vizinhas, mas houve-os e foram de primordial importância nas relações com gente de outros lugares.
Desta mistura quase caseira saíram algumas pessoas que se realçaram e destacaram das demais, e é precisamente essas pessoas que quero, hoje e aqui, homenagear, realçando o esforço e capacidade em prol da evolução e destaque da terra que os viu nascer. Quero dizer que não possuo qualquer documento ou biografia das pessoa que vou enaltecer e também que, outras haverá merecedoras do mesmo, ou até melhor tratamento, mas esses eu desconheço-os e peço aos visitantes deste Blog que o façam nos seus comentários e ajudem a repor uma verdade que poderá estar adulterada.
José Carneiro – Ex-padre, advogado e professor em Coimbra.
Domingos Carneiro – Professor do ensino secundário e ex-presidente do conselho directivo do antigo Liceu Fernão de Magalhães em Chaves.
Luís Carneiro- Padre e missionário em Roma e Moçambique.
Carneiro Rodrigues – Pintor.
João Cruz – Funcionário do Registo Civil em Chaves.
Francisco Ribeiro – Oficial superior do Exército.
Lembro também pessoas como a senhora Ana Soutelinho, o sr. Quim Aveleda, o sr. Francisco Azevedo, o sr. José da Cruz (Morilho), a senhora Augusta, a senhora Amélia Barroco, o senhor Mateus, o sargento Jaime e tantos mais que sempre se empenharam e honraram a sua terra.
Não queria falar em mais nenhum Pereira em especial, mas não resisto em falar no sr. Zé d’Avó, José Luís de seu nome e no Benjamim Pereira, a quem saúdo com muita amizade. Do meu tempo, volto a lembrar o Chico Ribeiro, o Carlos Ribeiro, o padre Luís Carneiro, o Zé Manuel Azevedo, o Alfredo Azevedo, o Alfredo e Arménio Aveleda, o Roulo, o Zé e o Quim Carneiro, o Menino, o João, o Victor e o Jaime (Jaiminho).
Não podia deixar de falar nas raparigas do Cando, por quem tenho muito carinho, até porque são quase todas da minha família, lembro, A Germana, a Aldina, a Teresa, a Maria José, a Leonor, a Júlia, a Ester, a Constança, a Maria, e mais de quem não recordo o nome. Destas raparigas recordo com um sorriso e alguma saudade os tempos do “Queijo de Valcerdeira”.
Sei que há gente mais nova com algum realce e muita importância que merecem ser aqui considerados, mas com a ideia de que serão lembrados pelos comentaristas vou apenas saudar um amigo e primo que é meio do Cando e meio da Granjinha e, ainda por cima, casado com uma “Pereira”, descendente do Cando, o Tó Zé Petim Cruz, que nos tem dado muito apoio e encorajamento na feitura deste Blog.
Para toda esta gente boa do Cando o meu respeito e a minha amizade.
Terça-feira, 6 de Março de 2007
Família Pereira - Santos
Uma família e quatro (4) gerações. Peço aos mais antigos que nos digam quem são os artistas. A fotografia foi tirada em 1951. Um dos artistas é Secretário de Estado do actual governo. Vamos lá puxar pela cabecinha.
Parece-me que está a ser muito difícil identificar as pessoas apresentadas nesta foto por isso vou divulgá-las. Assim:
De pé e da esquerda para a direita: - Toninho (meu irmão), Avô Alfaiate e Amadeu Magalhães.
Segunda fila e pela mesma ordem: - Avó Adelaide, tia Aninhas, filha do Magalhães e esposa do Magalhães.
3.ª fila: - Zé Magalhães (ao colo da tia Aninhas), Avó Martinha, tia Arminda com a Laida ao colo e J. Pereira (Euzinho).
Esta e mais fotos foram-me enviadas pela Lai Cruz (filha da tia Aninhas), por isso lhe fico muito grato e a promessa de que as restantes irão a seu tempo.