Imagens, Comentários e Estórias de Valdanta (Chaves) e das suas gentes.
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Quinta-feira, 28 de Setembro de 2006
Craques à moda antiga
Vejam lá se ainda se lembram destes craques de futebol dos anos 60?
Um, com 54 anos de idade, ainda é atleta de alta competição, pois corre a Maratona nos veteranos do clube dos ferroviários. O outro não cresceu muito mas alargou bastante e está para as bandas de lá do Atlântico.
Terça-feira, 26 de Setembro de 2006
Exame para a G.N.R.
Noutros tempos, para fugir ao trabalho árduo do campo e sem qualquer remuneração, a não ser as migas diárias e uma roupa nova para a Páscoa ou para a festa do Sagrado Coração de Jesus (quando o ano corria de feição), qualquer rapaz que tivesse a 4.ª classe, mais que 1.65 m de altura e fosse mais ou menos saudável, logo que cumprisse o serviço militar obrigatório candidatava-se ao lugar de soldado num dos ramos das forças paramilitares (Polícia, Guarda Fiscal ou Guarda Nacional Republicana).
Diga-se, em abono da verdade, que foram estes corajosos (antes da emigração) que tiveram a possibilidade de dar alguma formação aos filhos e deles descenderam muitos doutores e pessoas ilustres.
Em Valdanta não era diferente das outras aldeias da região por isso também por aqui houve muita boa gente que concorreu para estes serviços públicos.
Decorria o ano de 1943, a 2ª Grande Guerra estava longe do fim, o que se produzia no país era enviado para as zonas de batalha, a Guerra Civil de Espanha também tinha deixado muitas feridas, principalmente nas aldeias fronteiriças, foi então que o Zé Latas, acabado de cumprir o serviço militar, habituado já a algumas mordomias que em casa dos pais não encontrava resolveu candidatar-se ao posto de soldado da G.N.R..
Meteu os “papéis” e aguardou que o chamassem para prestar provas.
Das provas físicas não tinha ele grande medo, pois estava na força da idade, sempre fora habituado ao trabalho duro do campo e com a alimentação e exercícios da vida militar, sentia-se mais ou menos preparado. As provas escritas, é que lhe metiam um certo acanhamento, já que desde que fizera a 4.ª classe, nunca mais pegara num livro ou jornal para se actualizar.
Enquanto esperava que fosse chamado a provas foi estudando alguma coisa, pediu que lhe fizessem uns ditados tentou resolver alguns problemas do caderno que ainda tinha da 4.ª classe e lá se foi preparando até que chegou o dia das provas de ingresso.
As contas lá correram mais ou menos, apenas sentiu alguma dificuldade nos “eibões” que é o mesmo que dizer “e vão 2...etc.”, contava ele quando, depois do exame soube que passou e que brevemente iria vestir farda nova com boné e tudo.
O maior orgulho dele foi que no ditado apenas deu “2” erros, não foi porque não soubesse mas porque trocou o “H” no nome do primeiro rei de Portugal. Ele bem sabia que tinha um H, mas não sabia onde e... escreveu “Hafonso Enriques”.
- Apenas com uma letra dei dois erros dizia ele orgulhoso.
Quinta-feira, 21 de Setembro de 2006
À Cândida com Carinho e Admiração
Carta de Chamada Carta de Chamada resulta do projecto desenvolvido pela Fundação Fernando Ortiz - "El archivo de la palabra: lusitanos en Cuba", destinado a preservar e difundir a memória dos portugueses emigrados naquela ilha. Neste livro, o autor resgata as memórias da última emigrante portuguesa em La Habana, Maria Cândida dos Santos, cujo inventário de penas e vicissitudes é a prova das dolorosas contingências da emigração. "Um depoimento que reflecte a vida no exílio, o seu desenraizamento, e esse espelho côncavo de sensações misturadas, entre a nostalgia e o arreigo a uma nova terra de adopção". Autores: Aurelio Francos Lauredo | |
Este livro encontra-se à venda na Escola Superior de Educação de Setúbal e retrata a vida da última imigrante portuguesa, Maria Cândida dos Santos, a chegar a Cuba, antes da tomada do poder pelo regime de Fidel Castro.
Em terra de emigrantes e agora, também de imigrantes, não causaria grande impacto a publicação de mais um livro sobre o fenómeno migratório, mas este tem um sabor especial porque se trata de uma filha de Valdanta. Sim, é verdade, a Maria Cândida dos Santos é, nem mais nem menos, a “Candutcha”, filha do “Domingos Tripa” e da “Sorita” que há perto de cinquenta anos partiu, com cerca de 13 anos de idade, dizendo adeus ao rincão natal à procura da mãe que entretanto também tinha procurado em terras de Fulgêncio Baptista aquilo que a terra-mãe lhe tinha negado.
É pouco mais velha que eu e, como fomos criados juntos, lembro-me perfeitamente dela. Visitou-nos há pouco tempo, mas não tive a oportunidade de a ver, mas vi e li o livro que ela nos trouxe. Lê-se de um folgo como diz um crítico literário.
Não vou fazer qualquer comentário ao livro e ao que nele está escrito, porque, pondo de parte algumas imprecisões referentes a locais e costumes, é um relato apaixonante de uma pessoa que sofreu o drama da emigração e a adopção de outra terra, considerando-a sua.
Há, no entanto, casos que me chocam e me fazem sentir admiração pela “Candutcha”, como o falecimento do seu filho e o desespero de não poder, nem sequer visitar o local onde jazem os seus restos mortais. Por este e outros momentos difíceis passados longe de tudo e de todos vai o meu apreço e o meu respeito pela Cândida. Se um dia voltar a Portugal gostava de a ver e conversar um pouco com ela.
Sobre este assunto teria imensas coisas para dizer, mas fico-me por aqui, desejando à “Candutcha” muitas felicidades e um rápido regresso às origens.
Um abraço amigo.
Acabou o Bem-Bom
Acabou o Bem-Bom. Vamos ao trabalhinho.
Pois é. Acabaram as férias, vamos lá começar a fazer alguma coisa.
Um bom ano de trabalho para todos.