Mais uma foto de Fernando Ribeiro do Blog Chaves I (Obrigado)
Deus deu: As noites para dormir e os dias para descansar
Pensamento do sr. António (Malanga) Pereira
O Blero e o Domingos Tripa (peço desculpa pelas alcunhas, mas é mais fácil identificá-los assim) talvez tenham sido as pessoas mais emblemáticas de Valdanta. Nunca foram grandes trabalhadores do campo ou de outra actividade. O Blero dedicava-se ao contrabando e o Domingos Tripa dedicava-se a compor uns ossos partidos ou desarranjados de alguém que tivesse tido a infelicidade de ter um incidente desses. O resto do tempo passavam-no sentados na cruz que existe no centro do largo do Povo. Poucas falas, algumas observações brejeiras e por ali iam matando o tempo.
Um dia passou por ali um estrangeiro que, porventura se dirigia ao Outeiro Machado, querendo saber informações começa por perguntar:
- Entschuldigung, koennen sie Deutsch sprechen?
Olham um para o outro e se estavam calados, mudos ficaram. Perante tal reacção, pergunta em francês:
- Excusez-moi, parlez vous français?
Os dois olharam para ele e continuaram impávidos e serenos.
- Prego signori, parlate italiano? Tentou novamente o estrangeiro.
O Tripa mete a mão debaixo da boina, coça a cabeça, volta a olhar para o Blero e nada.
- Hablan ustedes español?
Nenhuma resposta.
- Please, do you speak english?
Nada. O estrangeiro, meio aborrecido meio desconfiado, pega na trouxa e “ala que se faz tarde”. Foi então que o Domingos Tripa se vira para o Blero, homem com fama de ter uma grande “escola”, até se falava na “Escola do Blero”, e diz:
- Talvez ainda fossemos a tempo de aprender uma língua estrangeira!...
- Mas pra quê? Aquele sabe falar cinco ... e adianta-lhe alguma coisa??!
O Outeiro Machado é uma estação arqueológica de arte rupestre situada na Serra do Boqueiro localizada apenas a 5 quilómetros a oeste de Chaves, na freguesia de Valdanta, sendo a sua via de acesso a estrada que liga Valdanta a Soutelo.
Foram achadas gravações na pedra granítica de cerca de cinco centenas de sinais, de tipos e formatos diversos: cruzes, colheres, ferraduras, pás, entre outros, sendo alguns particularmente esquisitos.
O Outeiro Machado consiste num rochedo, com forma alongada, que emerge do solo. A sua altura não ultrapassa os 3 metros, tendo cerca de 18 metros de comprimento e um máximo de 6 metros de largura. (ver Circuitos Culturais).
Para nós, os naturais de Valdanta, o Outeiro Machado não é nada disso, mas muito mais do que isso. Era um local de visita em grupos de jovens alegres e namoradeiros aos Domingos, principalmente na Primavera. Era ponto de reunião quando no Inverno tinhamos o gado a pastar por perto. Era motivo para contos e lendas de mouros e mouras encantadas, potes de ouro e outras fantasias e crenças. Era o sítio mágico de encantos e desencantos de uma juventude amiga, sem vícios e muito, muito alegre.
Ordenação heráldica do brasão e bandeira
Publicada no Diário da República III Série de 19/02/2003
Armas - Escudo de prata, com uma anta arqueológica de azul, realçada de ouro; em campanha, monte de dois cômoros de verde, firmado nos flancos e nascente de um pé ondado de prata e azul de três tiras. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: “ VALE DE ANTA “. |
Valdanta ou Vale de Anta, (como gostam os outros de lhe chamar), é uma freguesia do concelho de Chaves com 9.84 Km2 composta pelas aldeias de Valdanta, Abobeleira, Cando e Granjinha, situada a sudoeste de Chaves donde dista 3 km e tem cerca de 1200 habitantes.
Existem na freguesia três monumentos com grande interesse histórico: Capela da Granjinha, Barragem Românica da Abobeleira e o Outeiro Machado. A não ser a Capela da Granjinha de nenhum outro existe cadastro ou alusões, o que é uma grande pena, esperando que em breve tudo isso exista.
As suas gentes caracterizam-se pela hospitalidade, alegria de viver e conviver, não são conflituosos e são bastante dotados futebolisticamente. São de alta qualidade os produtos da terra (vinho, batata, feijão centeio e produtos hortícolas), assim como os derivados da carne de porco (presunto, salpicão, chouriço e alheiras). O pão centeio, o folar e a bola de carne são produtos gastronómicos muito apreciados.
Por hoje fico-me por aqui. Um abraço para todos.
Algures, 4 de Agosto de 2006
Hoje, dia de S. Domingos, achei por bem fazer uma coisa, que há muito andava a intrigar os meus pensamentos mais afectivos referentes à terra que me viu nascer, criar este Blog sobre Valdanta.
Não tenho a ambição de chamar a mim, exclusivamente, a tarefa de divulgação da terra de que tanto gosto, até porque estou ausente há mais de 40 anos, mas ajudar, com o meu humilde contributo, a conhecer com estórias, fotografias, comentários e divulgação de cenas da vida real que eu sei e que espero vir a saber muito mais, sobre nós e os nossos antepassados, divulgando, principalmente aos ausentes, a nossa maneira de ser e sentir.
Pretendo prestar homenagem a todas as pessoas que, por alguma razão, fizeram com que não nos esquecêssemos delas.
Agradeço desde já toda a colaboração e envio desde “Algures” um grande abraço para todos.
José Pereira
Conterrâneos
Amigos
Os meus Artistas
Aldeias de Chaves
Aquela que eu tanto Adoro - Angola
Por Trás-os-Montes
Associação dos Caçadores de Mós
Escolas
Escola de Esqueiros - Esqueirinhos
Interesse Público
Notícias Regionais