O dia de Carnaval disponibilizei-o para fazer uma recolha cultural de Valdanta. Foi quase infrutífero o esforço, pois a pessoa que eu procurava, o Lelo do Parada, já não se lembrava do tema requerido. Defraudado com o assunto prestava-me a seguir o meu caminho quando uma pessoa que por essa altura morava junto à Cruz me disse que se lembrava do primeiro verso.
A Celeste do Cleto lembrava-se e prestou-se a dizer-me. Para ela o meu muito obrigado e espero que este post possa servir de alerta para que, quem se lembrar, divulgue os versos, aqui ou noutro sítio para que não se perca o conhecimento deste culto.
Neste Cruzeiro ou, simplesmente, Cruz situada no centro da povoação de Valdanta em tempos, não muito distantes, durante a Quaresma fazia-se a Encomendação das Almas.
Era uma cerimónia simples feita apenas por um único homem, o senhor Aníbal Parada, mas respeitada e seguida por toda a gente do Povo onde se ouvia a sua voz. Nesse tempo não havia luz eléctrica, por isso também não havia iluminação pública, o que tornava a cerimónia mais comovente e de sentimento mais profundo e ao mesmo tempo arrepiante. Era respeitada e seguida nas casas vizinhas com a mesma devoção que se dava ao toque das Avé-Marias.
Era por volta das 8 - 9 horas da noite que o ti Parada chegava ao cruzeiro e com ar solene e respeitador iniciava a encomendação das almas. A Encomendação das Almas era feita em verso, por isso era sempre cantada.
Em nome do Pai do Filho e do Espirito Santo.
Hoje Figura, amanhã sepultura.
O manso cordeiro tornado leão, que sendo assim verdadeiro, os maus o sentirão,
Pois a morte nos há-de buscar, de noite e mais de dia.
Rezai um Padre-Nosso e uma Avé-Maria em louvor de Jesus Cristo e da Virgem Maria.
Suponho que eram seis os versos da encomendação das almas e em cada solicitação de oração o encomendador ficava em silêncio e orava também pelas almas.
Por hoje ficamos assim, mas peço a todos que ainda se lembram desta cerimónia e devoção que façam um esforço para que na próxima Quaresma tenhamos aqui a oração completa.
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