Nas tardes frias de Inverno do nosso tempo de crianças, para aquecer o corpo e o espírito não havia melhor do que um jogo popular disputado no largo entre o adro da Igreja e o campo de futebol. Havia vários jogos populares e tradicionais especialmente para os rapazes, como a Tchoquinha, a Bilharda, o Pião, além de uma peladinha, mesmo com bola de trapos que quando se molhava era um pesadelo.
Hoje, proponho-me relembrar e divulgar as regras e normas do jogo da “TCHOQUINHA”, muito popular em Valdanta e jogado com muito entusiasmo. Assim:
O Campo:
- O campo deve ser amplo e é composto por uma cova central com cerca de 1.00 de diâmetro, chamada “CALDEIRÃO” e, umas covas mais pequenas com cerca de 0.40 m de diâmetro a que chamam “NITCHOS”, dispostos em forma de círculo à volta do caldeirão e separados deste cerca de 1.50 m. A cerca de 10 m do caldeirão e em direcção oposta aos nichos marca-se no chão um risco a que se chama “RAIA”.
Os Acessórios para o Jogo:
- O elemento principal é uma pinha fechada a que se chama “PORCA”, “TCHOQUINA” ou “RECA” e cada jogador tem que estar munido de um pau, normalmente de carvalho com um bocado da raiz ao fundo, tipo moca, mais ou menos com o formato e tamanho de um stick de hóquei em patins.
As Condições atléticas:
- Cada elemento deve ser dotado de boa pontaria para acertar na pinha, olho vivo para tomar conta do nicho e ligeireza de manobra com o pau.
Os Jogadores:
- No mínimo devem ser 3 jogadores e no máximo 7, e é uma espécie de um contra todos. Um jogador é o PORQUEIRO que é sacrificado e toma conta da porca, com a obrigação de a meter no caldeirão. Os restantes são os NITCHEIROS e têm a obrigação de defender o caldeirão, não deixando que o porqueiro, aí, introduza a porca. Também têm que defender os nichos, porque o porqueiro pode roubá-los e então, o roubado passa a ser porqueiro. Se houver 7 jogadores só valem 6 nichos, se forem 6 só valem 5, isto é, os nichos são sempre em número igual ao dos jogadores menos 1. O jogador a mais será o porqueiro.
O Jogo:
- Com a ajudo do meu colega e amigo Miguel Feijão apresento-vos um esboço do campo que normalmente, no meu tempo, costumávamos utilizar.
Inicia-se o jogo com todos os jogadores a rodar à volta do caldeirão e com o pau medito dentro dele. Após uma ou duas voltas, um jogador grita NITCHOS!.... E de imediato cada um procura colocar o seu pau num nicho e o jogador que ficar sem nicho começa por ser o porqueiro.
Quando tudo estiver a postos, cada um no seu lugar, o porqueiro pega na porca (pinha) ou reca e por trás da linha de raia vai atirá-la com a mão para o centro do caldeirão, correndo de imediato para a zona de jogo onde, com o seu pau, tentará ajudar a introduzir a porca no caldeirão ou encontrar um nicho livre e colocar aí o seu pau, já que cada um dos outros jogadores está a tentar atirar com a porca o mais longe possível.
Se, enquanto um nicheiro estiver a tentar bater na porca, o porqueiro colocar o seu pau no nicho doutro, este passa a ser o porqueiro.
Quando o porqueiro não é listro o suficiente e anda muito tempo com a porca e tem que fazer grandes caminhadas para a ir buscar, os restantes começam a irritá-lo dizendo “Temos porqueiro até ao mês de Janeiro” e outras.
Sempre que o porqueiro consegue colocar a porca no caldeirão e imobilizá-la, enquanto mexer qualquer um pode acertar-lhe e mandá-la para longe, o jogo recomeçará novamente com o porqueiro a escolher um nicho para ele e os restantes a rodar à volta do caldeirão até que o porqueiro grite NITCHOS!... Cada um corre à procura de um nicho e o que ficar de fora recomeça como porqueiro. E assim sucessivamente até ser de noite ou até ao toque das Trindades….
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